quarta-feira, 15 de abril de 2009

Não importa seu estilo, há sempre um xadrez para você



Faça um rápido exercício e tente pensar em alguma estampa que seja tão universal quanto o xadrez. Presente nos guarda-roupas masculino e feminino, no inverno e no verão, no figurino de clássicos e modernos, a estampa é eterna fonte de inspiração para os estilistas

É imbatível e, claro, está presente nas principais coleções para a temporada de inverno 2009. Aqui e nas passarelas internacionais, apareceu em looks completos ou apenas em detalhes, como nos clássicos cachecóis.

A origem dos tecidos xadrezes vem de antes da era cristã e há vestígios de roupas com o padrão entre 50 e 700 a.C. E no século 3 d.C. já eram encontradas roupas que ficaram conhecidas como tartã (ou escoceses), que significa tecido de lã leve, e identificavam clãs, tendo o mesmo efeito dos brasões de famílias nobres.

Existem mais de três mil tipos catalogados na Scottish Tartans World Register, além de outros clássicos como vichy (pequenos quadrados nas cores preto-e-branco ou coloridos, como as toalhas de mesa), pied-de-poule (que imita a marca da pegada de uma galinha), pied-du-coq (pegada de galo), príncipe-de-gales (riscos irregulares e finos que se cruzam formando xadrez). O número é infinito quando consideradas as reinterpretações e novos padrões lançados a cada coleção.

Inspirações
Para a estilista Karen Fucke, da Triton, no inverno 2009 predominam os xadrezes tipo tartã, príncipe-de-gales e pied-de-poule. Ela batizou a coleção da marca de Royal Mania, inspirada na monarquia britânica, e usou o tradicional tartã vermelho em peças como corset, vestidos e pantalonas.

"Existem três formas mais bacanas de usar xadrez nesta estação: no estilo college, combinando paletó e tênis; apostando no punk, com tons escuros, botas e muito couro; ou no estilo inglês com peças de alfaiataria, blazers, algo mais aristocrático", ensina. Ou seja, não importa o estilo, há um xadrez para você.

Além da Triton, outras marcas buscaram referências em países europeus e trouxeram xadrezes para as coleções. Isabela Capeto inspirou-se na Suécia e Dinamarca e fez peças de flanela xadrez incluindo um conjunto de calça e casaco. Marcelo Sommer, com sua marca Do Estilista, colheu inspiração na Holanda e apresentou xadrezes nas cores branca e azul.

Mas não é só nos países europeus ou na realeza que a estampa fez história. Usados por trabalhadores do campo, foi adotado como uniforme da moda country. Isso porque o tingimento dos fios de lã, que depois eram tecidos, constituíram uma das primeiras formas de estamparia da qual se tem registro.

Desse universo, vêm os xadrezes da Cavalera que fez coleção inspirada no Festival de Parintins, traduzindo a roupa dos vaqueiros em peças para jovens modernos.

Lá fora, também está presente. Alexander McQueen ampliou o padrão pied-du-coq usando-o em ponchos, leggings e vestidos. Dois dos maiores difusores do xadrez optaram pelo tradicional tartã vermelho em suas linhas. Vivienne Westwood usou a estampa em sua coleção apresentada em Londres para sua segunda marca, a Vivienne Westwood Red Label. Em Nova York, Marc Jacobs usou a padronagem na coleção Marc by Marc Jacobs.

"O xadrez mudou. Não vem apenas nas cores branco, preto e vermelho. Aparece em reinterpretações novas e jovens do clássico, pois combina com todos os tipos de roupas, sem restrições", diz Daniely Von Atzingen, docente do Istituto Europeo di Design, especializada em pesquisa de tendências.

Na moda
Com raízes e inspiração eterna no movimento punk, do qual fez (ou faz?) parte, Vivienne Westwood foi uma das estilistas que colocou o xadrez na moda a partir da década de 1970, quando passou a vestir a banda Sex Pistols.

Nos anos 1980, a estampa ficou um pouco de lado, voltando à cena novamente com a música, na década seguinte, nas roupas usadas por músicos no movimento grunge. Camisas de flanela invadiram o mundo nessa época. Quem pilotou o resgate do xadrez às passarelas foi Marc Jacobs, reinterpretando o grunge em seus desfiles.

Antes disso, quem elevou o xadrez a um clássico de moda foi ninguém menos que Coco Chanel, que adotou o tipo pied-de-poule em inúmeras criações, incluindo seu famoso tailleur de lã.

Além desses padrões, na década de 1920 foi criado um tipo de xadrez que se tornaria uma das marcas mais reconhecidas em todo o mundo, o Burberry, replicado em peças da marca até hoje, desde forros de casacos (sua aplicação original) até bolsas e outros acessórios.

No futuro
O xadrez continua forte e ganha mais terreno, sendo usado em peças mais esportivas. "Segundo as tendências de tecidos apresentadas em alguns dos principais eventos no mundo, aparece em tecidos tecnológicos, trazendo referências clássicas à moda esportiva", diz Daniely.

Conheça as principais padronagens
Tartã
A palavra "tartan", em inglês, significa tecido de lã leve e foi usado para identificar diferentes clãs na Escócia desde o século XVIII. O tartã era usado em ocasiões especiais, como celebrações ou para caçar. Até hoje é o traje usado por escoceses em ocasiões especiais. Mas existem registros de tecidos xadrezes desde antes da era cristã e na Idade Média, os fios de lã era tingidos com pigmentos naturais de frutas. No século XIX, a rainha Vitória fazia visitas a sua propriedade em Balmoral, na Escócia, e isso incentivou a moda de roupas de tartã. Isso popularizou o uso de tartãs que passaram a ser usados em diversas ocasiões.

Príncipe-de-gales
Originalmente chamado de xadrez Glen Urquhart, nome de uma região escocesa, ficou conhecido como príncipe-de-gales ao ser muito usado pelo então Duque de Windsor, Eduardo VIII no começo do século XX quando este era conhecido pelo título, dado ao filho mais velho do casal real. O padrão original é preto-e-branco, sem o vermelho, na versão que ficou mais popular.

Vichy
O nome vem da cidade francesa de Vichy, conhecida pelo confecção de tecidos de algodão para aventais e camisas que eram normalmente feitos com xadrez miúdo nas cores preto-e-branco. O padrão ganhou popularidade nos anos 1940 e 1950, sendo adotado pela moda feminina em geral.

Pied-de-poule
Com padrão que lembra o pé de uma galinha, daí seu nome, foi criado originalmente nas cores preta-e-branca. Foi poularizado por Coco Chanel, que tranformou-a num clássico. A versão pied-du-coq lembra o pé de galo com quatro pontas em vez de três.

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