PARABÉNS BARBIE!!!!! A nossa boneca predileta...amooooo...

Barbie: Cinquentona

Scolforoascolforo@redegazeta.com

Cabelos loiros, ligeiramente em ondas, alta e corpo impossivelmente esculpido embalam uma mulher moderna, brilhante, que jamais se esquece de manter a postura. Barbie é única e no auge dos seus 50 anos, completados amanhã, se porta como uma vitoriosa. Seu poder de sedução é tamanho que, no planeta, a cada segundo, dois exemplares da boneca saem de alguma loja. Uma pesquisa realizada com meninas entre três e 10 anos revelou que 100% das americanas, 98% das italianas e 93% das francesas possuem uma delas em casa. Quanto às brasileiras, não há dados específicos sobre venda, mas segundo a Mattel, fabricante da boneca, o Brasil possui o maior mercado de Barbies colecionáveis do mundo.Sem dúvida, Barbie seduz e cria desejos. Não é à toa que ensinou às meninas um jeito novo de brincar. Se antes a diversão era ser a mãe da boneca, quando Barbie entrou para o baú de brinquedos, inverteu-se o jogo: agora as meninas querem absorver o estilo de vida boneca. Isso quando não querem ser a própria.Mas como toda mudança, essa também acabou gerando protestos. Ao perceber o sucesso das invejáveis formas e da cinturinha fantasiosa, muita gente chiou. Algumas mães começaram a dizer que ela provocava vaidade excessiva nas meninas - com sua eterna maquiagem, e seu vasto figurino. No banco dos réus, Barbie também foi acusada de incentivar padrões anoréxicos, de erotização precoce e de racismo, por exaltar, na maioria de suas versões, traços arianos. Muita sentença para uma boneca que anda na ponta dos pés, não? Há quem diga, porém, que tudo isso não passa de inveja. As advogadas de defesa da Barbie, aliás, são fãs bem crescidinhas. Muitas são mães que não escondem a admiração pela boneca, que, inclusive, virou pela de coleção. Para investigar essa relação de amor e ódio, a pedagoga Fernanda Roveri publicou o estudo "Barbie... Tudo o que você quer ser", sua dissertação de mestrado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Fernanda analisa a sociedade e a infância atual, por meio do estilo de vida da Barbie. A feminilidade excessiva, por exemplo, pode sugerir que mulheres devam ser sempre frágeis e pouco flexíveis na hora de encarar campos, principalmente na área profissional, historicamente destinados aos homens. "Há muitas profissões em que a mulher precisa ter um sorriso constante como o da Barbie", destaca. Delicada demaisÉ claro que a loira de plástico não é um perigo para as conquistas femininas - afinal, a vida, sem um pouco de conto de fada, seria muito dura. Mas, infelizmente, nem sempre dá para viver num mundo cor-de-rosa. No filme "A Princesa e A Plebéia", que tem a Barbie como estrela principal, há trechos da música-tema que dizem como uma princesa precisa se portar, fazendo alusões a uma delicadeza quase que surreal. "As roupas da boneca nos faz olhar melhor para o modo de brincar de meninos e meninas. Elas, com suas roupas de princesa com muitos frufrus e camadas, têm menos liberdade que os meninos nas brincadeiras. Eles, com suas roupas confortáveis e largas, podem correr e se lambuzar por aí, sem se preocuparem com o que os outros vão dizer", frisa a pedagoga. À frente do tempoPor outro lado, a psicóloga Edda Bontempo, conselheira da Abrinq, vê um lado positivo nessa brincadeira: é bom que as meninas admirem a Barbie porque ela é o protótipo da mulher moderna. "Acho positivo o sucesso da Barbie. Vivemos em uma sociedade capitalista e competitiva, em que a mulher cada vez mais ocupa novos papéis. A Barbie é um ótimo espelho dessa sociedade".A vida cor-de-rosa, pelo jeito, parece mesmo depender da interpretação de cada um. Afinal, acompanhar o ritmo moderno do mundo pode ser bom ou ruim. E se a aparência da boneca mudou pouco - foram muitas plásticas e bastante malhação - a verdade é que o aniversário de 50 anos mexeu com a cabeça de Barbie, embora ela tente disfarçar, como qualquer mulher de sua idade faria. Mas o sucesso continua firme, e ela ainda promete vender muito, mesmo na crise. A concorrência, Susi e Bratz, pode até se rebelar ou seguir suas medidas. Mas jamais acumulará tantos números a seus pés. A fórmula? Só ela sabe.